quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Movimento Nossa Classe na chapa "União na Luta" (chapa 2) no sindpetro caxias



EXPOMOS AQUI POSIÇÕES QUE LUTAREMOS PARA ALÉM DO ACORDO GERAL DA CHAPA “UNIÃO NA LUTA” (CHAPA 2) QUE ESTAMOS PARTICIPANDO

PORQUE ESTAMOS NA CHAPA 2:

"Em primeiro lugar é preciso que o sindicato deixe de ser chapa-branca do governo e da empresa. É preciso tirar a burocracia que está há décadas ali. O acordo firmado na chapa 2 permite que atuemos livremente, com direito de opinar, criticar e defender nossas propostas e ideias para que os trabalhadores possam decidir conscientemente, como deve ser em qualquer sindicato e direção sindical democrática. Queremos levar à frente este programa além das posições comuns da chapa 2."




DEFENDAMOS A PETROBRÁS DA PRIVATIZAÇÃO, DA TERCEIRIZAÇÃO E DA CORRUPÇÃO!


A Petrobrás poderia ser um patrimônio a serviço de melhorar as condições de vida dos trabalhadores do país. A privatização continua, seja com a venda dos campos terrestres ou na associação com grandes empresas estrangeiras nas áreas de concessão ou partilha. Os governos Dilma/Lula fizeram mais leilões de petróleo que FHC! O pano de fundo dos escândalos de corrupção atuais são: PRIVATIZAÇÃO E TERCEIRIZAÇÃO. Diversas áreas essenciais ao ramo do petróleo estão privatizadas, como a construção de sondas, navios, construção de dutos, e atividades essenciais como a manutenção, estão terceirizados.

 Destas causas que se originam a corrupção atual, a transformação da Petrobrás em um “balcão de negócios” de políticos e empresário e o aumento dos acidentes.

 A corrupção liga-se a uma terceira causa: uso da Petrobrás para enriquecimento de empresários e com parcela deste dinheiro  comprar parlamentares para sustentação do governo. Não confiamos que serão os partidos, nem os que privatizam claramente (PSDB) ou por baixo dos panos (PT via empreiteiras), que defenderão esta empresa e nem muito menos poderão coloca-la a serviço da população.


Também não podemos confiar que será uma empresa de auditoria americana (a PwC), com um currículo de escândalos contábeis, que fará nenhuma auditoria séria. Nem pode fazer isto a própria empresa e sua diretoria, ligada por mil laços à terceirização, às empreiteiras, ou seja à corrupção. Também não será da CPI onde PT e PSDB fecharam acordo para se proteger mutuamente que teremos uma investigação verdadeira. Nas mãos deste políticos teremos mudanças e bodes expiatórios mas os esquemas ficarão de pé.



SO PODEMOS CONFIAR EM NÓS MESMOS, SÓ OS TRABALHADORES E SETORES POPULARES QUE PODEM FAZER UMA VERDADEIRA INVESTIGAÇÃO

O problema para isto são os sindicatos chapa-branca, como é a direção da FUP e de nosso SINDIPETRO-CAXIAS. Falam em punição, mas não exigem nada da empresa, querem conversar com Graça e não impulsionar um movimento pela reestatização e pela investigação independente. A chapa 1-FUP-CUT tem assessores ligados ao “demitido” Sergio Machado. Esses estão aliados ao governo, aos partidos “dos negócios” e à direção da Petrobrás.

Precisamos de sindicatos que não sejam alinhados com um governo que assina embaixo desta privatização e terceirização e que lute pela completa publicidade dos contratos como parte de uma investigação independente que os sindicatos façam com organizações populares e democráticas que realmente levem a punições exemplares. Sem saber a verdade e o alcance dos escândalos não defenderemos a Petrobrás! Precisamos defendê-la das empreiteiras e terceirizadas, mas principalmente do governo e dos políticos (PT, PSDB, PP, PMDB etc.)! Defendê-la da ganância das multinacionais que desejam aproveitar, com a ajuda de entreguistas de plantão, essa crise para abocanhar negócios bilionários ligados ao gás e petróleo!

Defendemos uma Petrobrás 100% estatal e que todos os ramos do petróleo (da construção de navios a distribuição) sejam estatais e assim combatermos a corrupção inerente aos contratos de terceirização com empreiteiras, efetivar os terceirizados, gerar empregos e tecnologias, e colocar estas riquezas a serviço da população e do país. Para isto precisamos que a empresa seja gerida por nós mesmos os trabalhadores e não por indicados políticos e das empresas!
Para saber mais de nossas opiniões sobre a Petrobrás e este escândalo acesse:   




O GOVERNO E A DIRETORIA DA EMPRESA PREPARAM DEMISSÕES E UM MEGA-PROCOP


Com a desculpa do escândalo estão ocorrendo demissões nos estaleiros, nas plataformas e em diversas obras.  O EISA que está no esquema de corrupção ameaça demitir sem indenização cerca de mil trabalhadores. As grandes multinacionais esperam como urubus que desse escândalo venha mais privatização e terceirização. Com “pouco caixa” a diretoria da empresa fará o que ela mais sabe fazer: atacar os trabalhadores. E as terceirizadas alegarão crise para retirar direitos ou demitir os terceirizados. Ao contrário dos sindicatos chapa-branca da FUP precisamos alertar a categoria, ou atacamos os corruptos, privatizadores, terceirizadores, e assim defendemos a Petrobrás, ou precisamos nos preparar para um MEGA-PROCOP com a desculpa da corrupção. Por isto precisamos defender nenhuma demissão e nenhum direito a menos. Precisamos superar a divisão entre próprios e contratados! Ter mesmos direitos e lutar para termos os mesmos acordos coletivos e sermos parte de uma mesma empresa (incorporação)! O instrumento para nos defender dos ataques e nos organizarmos como uma só classe éa organização em cada local de trabalho e num sindicato combativo, independente dos governos, da direção da empresa e das terceirizadas, democrático e combativo. E isso passa por ter outro tipo de atuação sindical.


 

Não é nada justo que alguma chapa ganhe por 1 voto e fique por três anos como maioria absoluta, “dona” do sindicato. Todas as diferentes alas e ideias dos petroleiros precisam se representar! Somos uma grande categoria e toda ela precisa ser representada. Para isso o sindicato tem que ter sua direção definida por eleições proporcionais nas quais as chapas representativas de setores da categoria estejam representadas para lutar democraticamente por suas propostas e programas, garantindo a unidade sindical pelo respeito absoluto às decisões das bases em assembleias soberanas. Dirigente sindical tem que “obedecer” e “servir” à base e não ser “chefe”.

POR UM SINDICATO QUE DEFENDA TODOS OS OPRIMIDOS!

Defendemos uma atuação nos sindicatos e na classe trabalhadora que lute pelos interesses econômicos, sociais e políticos da categoria, mas que atue em defesa dos interesses de toda a classe trabalhadora e dos oprimidos, contra o racismo, a homofobia, o machismo, os preconceitos regionais, a violência estatal etc. Nossa luta se fortalece quando é parte da luta de todos os trabalhadores, apoiando-se e defendendo-se mutuamente.

CHEGA DE SINDICALISTAS ETERNOS, PRIVILEGIADOS E BUROCRÁTICOS!

O Sindipetro-Caxias tem alguns diretores liberados a quase duas décadas. Gente que nem sabe mais como é fazer um zero-hora mas que provavelmente nunca falta letra todo ano. Volta e meia algum diretor sindical vira gerente ou até mesmo assessor da presidência! Não é a mesma coisa ser cargo de confiança e ser dirigente sindical! Estão do outro lado! Não são companheiros “infiltrados”. Cedo ou tarde todos petroleiros verão que são agentes da empresa no movimento sindical.Precisamos de um outro tipo de sindicalismo. Não um sindicalismo “presidencialista” onde tudo é decidido pelo presidente e seu braço-direito, mas que a base decida. Um sindicato presente todo os dias do ano e não só quando a empresa quer que assinemos ACTs! Que as assembleias sejam respeitadas (turno, auxílio almoço, etc)! As decisões de assembleia sejam cumpridas! Precisamos de comissões de base, permanentes, que unifiquem sindicalizados e não sindicalizados, próprios e contratados.Que ninguém fique encastelado décadas sem trabalhar. Por isto defendemos uma mudança radical na atuação e no estatuto do sindicato. É preciso mudar não só quem é o presidente, mas tudo! Que ninguém fique liberado mais de um ano! O dirigente sindical precisa voltar à base e assim formarmos novos dirigentes sindicais, ligados à base, democráticos (ou seja que fazem e respeitam assembleias)!


Isabelle de Moraes, vice-presidente da CIPA do TABG.

 “Eu faço parte do Movimento Nossa Classe e apoio nossa posição na chapa 2, pois vejo que a partir da vitória desta chapa abre-se um espaço para lutar contra as burocracias sindicais.

Com esta vitória poderemos levar a frente ideias como a reestatização da Petrobrás, proporcionalidade, iguais direitos aos terceirizados e fim dos privilégios dos sindicalistas. Esta vitória em Caxias pode ajudar a fortalecer uma outra atuação sindical entre os petroleiros para além da REDUC, TECAM e UTE-GLB!”

MAGNO DA SILVA - Gari de Irajá
"Conhecemos Leandro porque esteve conosco na greve dos garis, no Carnaval de 2014. Depois continuamos debatendo com os companheiros do Movimento Nossa Classe as lições dessa histórica  greve para ver como nos organizarmos e unirmos como classe trabalhadora para lutar por nossos direitos e contra os governos, empresários e sindicalistas vendidos que querem dominar a nossa classe. Se a Chapa 2 for vitoriosa, tenho certeza que os petroleiros e nós,garis, teremos o companheiro Leandro Lanfredi na linha de frente das lutas dos trabalhadores. Apoio a Chapa 2!"

PABLITO (Marcello Ferreira) - Diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Auxiliar de Cozinha da Coseas 

"Aqui na USP acabamos de sair de uma vitoriosa greve que durou 116 dias contra a direção da universidade e o governador Alckmin em defesa de reajuste salarial, contra o projeto de privatização do Hospital Universitário e em defesa do direito de greve, lutando até o fim sem aceitar punição aos grevistas e descontos dos dias parados. Para essa vitória nos preparamos e levamos a greve com o poder do Comando de Greve eleito nas unidades e as decisões soberanas dos grevistas nas assembleias. Nossa tradição é defender todos os trabalhadores, efetivos e terceirizados, garantindo o direito de sindicalização dos terceirizados em nosso sindicato e lutando pela efetivação de todos, sem concurso público, pois não aceitamos a divisão da nossa classe, pois nos enfraquece.

Nós, do Movimento Nossa Classe, estamos confiantes de que os petroleiros também avançarão para retomar seu sindicato para suas mãos e para a luta em defesa da categoria, dos contratados e da riqueza do petróleo a serviço da maioria da população e não dos empresários, diretores políticos da empresa e burocratas sindicais. Apoiamos o companheiro Leandro Lanfredi e o voto na Chapa 2!"


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A PLR é nossa? A FINDECT só pode estar brincando com fogo!



N., atendente dos correios
Enquanto os trabalhadores dos Correios de São Paulo estão mobilizados, muitos organizando piquetes nas suas unidades e se preparando pra assembleia de hoje, a FINDECT assinou o acordo com a ECT para a PLR de 2013, 2014 e 2015!

Nada mudou na proposta, o valor mínimo é R$614 e o máximo R$711. A PLR de 2014 seguirá os mesmos critérios de 2013 e a de 2015 será 50% atrelada a indicadores regionais e nacionais (ou seja, metas!).

Ainda ontem o SINTECT-SP, o principal sindicato da FINDECT, soltou nota dizendo que a ECT estava “tirando a categoria”, e cinicamente chamou a mobilização nacional, esperando que os trabalhadores esquecessem suas recentes traições, como na última campanha salarial onde mentiram deliberadamente sobre o resultado da assembleia, empurrando o acordo goela abaixo da categoria...
Com que cara de pau esses sindicalistas do SINTECT-SP esperam encarar os trabalhadores na assembleia de hoje? O que mudou de ontem pra hoje? Além de nada ter melhorado em relação a proposta da PLR, as outras pautas da greve sequer foram discutidos... Os trabalhadores querem contratações, pois estão sobrecarregados de trabalho, querem condições de trabalho, o convênio médico segue sendo sucateado...

Por outro lado, a FENTECT, principal federação da categoria, não assinou acordo, mas também não está construindo nenhuma mobilização nacional. Como esperam superar os burocratas se no momento em que os trabalhadores de São Paulo vão pra luta, ficam em silêncio?

É preciso uma mobilização nacional dos ecetistas, já! Independente dos burocratas, organizada pela base e pra unificar a categoria! Os Sindicatos anti-governistas ligados a Intersindical, Conlutas e organizações de esquerda de modo geral não podem ficar em silêncio e esperar os burocratas traírem a greve mais uma vez, deixando os companheiros de São Paulo isolados e a categoria inteira derrotada!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Trabalhadores da USP contra os estupros e assédio faculdade de medicina

Na última semana vieram à tona os absurdos e escandalosos casos de estupro, assédio, machismo, racismo e homofobia na faculdade de Medicina da USP. O caso se tornou um escândalo midiático. Os trabalhadores da USP se posicionaram prontamente. Abaixo reproduzimos a Declaração do Sintusp e algumas fotos que os trabalhadores tiraram contra esses casos.

Declaração da Diretoria do Sintusp sobre os casos de estupro na Faculdade de Medicina da USP

Nos últimos dias as páginas dos jornais foram estampadas com graves denúncias de inúmeros casos de estupro e assédio na Faculdade de Medicina da USP, contando com "vistas grossas" da Direção da Faculdade que inclusive, segundo o deputado Adriano Diogo, tentou intimidar a realização de Audiência na Assembléia Legislativa que debateu estes casos.

A absurda preocupação de alguns setores que estes casos "manchem" o nome da instituição só mostra a hipocrisia desta Universidade que prefere jogar pra debaixo do tapete estupros, assédios e violência para manter seu nome e sua reputação. Ao contrário, é necessário escancarar toda esta situação, bem como a situação de estupros em toda a Universidade, por isso a Reitoria deveria imediatamente divulgar os números - e não os nomes das vítimas - para que o conjunto da comunidade universitária conheça a real situação desta violência, num país em que ocorrem mais de 50 mil estupros por ano.

É preciso a mais ampla campanha contra toda esta violência, que nesta semana também se escancarou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, num questionamento também aos profissionais que estão se formando e a forma como estes tipos de atos estão já praticamente institucionalizados. Estudantes, trabalhadores e professores devem se unir na mais ampla campanha, junto a organizações de mulheres e de direitos humanos, organizando atos, manifestações, campanhas de cartazes e todas as ações unitárias, exigindo justiça para as vítimas.

A Faculdade de Medicina declarou que irá criar um Centro controlado pela própria direção e médicos especialistas para lidar com as situações. Mais uma vez as mulheres não terão voz. Qualquer Centro com este fim deve ser controlado pelas vítimas, organizações de mulheres e direitos humanos, sem a presença da polícia. Ao mesmo tempo a apuração organizada pela Direção da Faculdade mostra todos seus limites: o presidente da mesma acaba de renunciar. É preciso que as entidades de estudantes, trabalhadores e professores organizem uma apuração independente em apoio às vítimas.

Chamamos toda a categoria de trabalhadores e trabalhadoras da USP a repudiar com firmeza toda a violência e estupro contra as mulheres.

Diretoria Colegiada Plena do Sintusp
São Paulo, 14 de novembro de 2014


Trabalhadores do Restaurante Universitário da USP 

Trabalhadores do HU da USP 

 
Trabalhadores da Faculdade de Odontologia da USP

Trabalhadores da Faculdade de Educação da USP

Solidariedade à greve dos Correios de São Paulo

Está se criando uma tradição no movimento operário brasileiro da solidariedade de classe frente a todas as lutas dos trabalhadores. Temos orgulho de ser parte disso, como votamos no nosso 1º Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe. Segue algumas solidariedades à greve dos correios de São Paulo

trabalhadores da Faculdade de Educação da USP 

Trabalhadores do Bandejão da USP 

A juventude também atendeu ao chamado, estudantes da Unicamp 

Professores da rede estadual, no Encontro do Movimento Nossa Classe 

Trabalhadores da prefeitura da USP

Apoiemos ativamente a greve dos correios para que tenha melhores condições para a vitória. Não tem arrego! companheiros.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Mais de 200 trabalhadores no 1º Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe




O Encontro contou com mais de 50 trabalhadores da USP, e também da Unesp e Unicamp; mais de 40 metroviários e uma forte delegação dos carteiros de Cotia em greve desde o último dia 13. Ainda estavam presentes professores da rede pública dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; bancários de São Paulo; metalúrgicos do ABC, de Campinas e de Contagem; operários da indústria alimentícia de Osasco e outras categorias. Também esteve presente um companheiro do IBGE, que e fez uma saudação falando um pouco da greve que saíram há pouco tempo.

Fábio Roberto

Um dos pontos altos do Encontro foi com certeza a presença de Fábio Roberto, conhecido como “Robin Hood” da água por ter fugido com um caminhão-pipa para levar água a um bairro que estava sem abastecimento em São Paulo. Outra valorosa presença foi a do companheiro Silva João, trabalhador do metrô a mais de 35 anos, tendo antes ainda trabalhado nas obras de construção do metrô, um dos 42 demitidos pelo governo Alckmin após a greve de junho – que apesar de não ser do movimento Nossa Classe, fez uma importante saudação no nosso Encontro.

Silva João, metroviário um dos 42 demitidos

Abertura
A mesa de abertura foi coordenada pela companheira Diana Assunção, diretora do Sintusp e linha de frente da grandiosa greve dos trabalhadores da USP que venceu o governo do estado e a reitoria após 4 meses de incansável luta. Falaram na abertura a companheira Vilma, trabalhadora do bandejão da USP; Silvana, da greve dos terceirizados da limpeza da USP da empresa Dima de 2005; Marília, trabalhadora da HU da USP; Isaias, carteiro de Cotia em greve; Regiane, professora precarizada da rede pública de Campinas; o companheiro Silva João do metrô; França, trabalhador da manutenção do metrô de São Paulo; Leandro Lanfredi, petroleiro do Rio de Janeiro e candidato na chapa “União na luta” de oposição no sindipetro Caxias e por fim o companheiro Brandão, demitido político da USP e diretor do Sintusp, encerrou os trabalhos de abertura.

Regiane, professora da rede de Campinas

Marília, trabalhadora do HU da USP


O companheiros Fábio Roberto fez um emocionante relato de sua solidariedade ao fugir com um caminhão pipa com 16 mil litros de água para levar aos moradores que sofriam com a falta de água do bairro Jardim Novo Pantanal. Além deste seu relato, o “Robin Hood” da água demonstrou sua crença de que só se pode construir uma verdadeira nação brasileira pelas mãos dos trabalhadores de norte a sul deste país.

Fábio Roberto, "Robbin Hood da água"

Os companheiros garis do Rio de Janeiro que estiveram no Encontro de fundação do Movimento Nossa Classe, infelizmente não conseguiram estar presentes neste Encontro, mas mandaram uma calorosa saudação ao Movimento Nossa Classe por vídeo, que reproduzimos em seguida. O professor e juiz do trabalho Jorge Luiz Souto Maior também enviou saudação colocando seu apoio ao movimento e dizendo que estaria sempre lado a lado conosco nas lutas. Saudou também nosso Encontro o companheiro Gilson Dantas, militante revolucionário desde a década de '60, preso político da ditadura. Enviaram ainda saudações ao nosso Encontro as companheiras em luta pelos postos de trabalho das fábricas Lear e Donneley da Argentina.

Saudação dos Garis do Rio de Janeiro

https://www.youtube.com/watch?v=JqPuoM7K4VM&list=UUagpuwDrQHfdA7Q7oCHBxOA
Veja saudação do companheiro Gilson Dantas de Brasília

Saudação do Movimento de Trabalhadores Socialista do México ao Encontro

Saudação das lutas de Lear e Donneley da Argentina ao Encontro


As falas na mesa de abertura denunciaram as condições precárias de trabalho das mais diversas categorias, resgataram as lições das últimas greves e movimentos da classe trabalhadora e apontaram os desafios do resgate de uma tradição classista e anti-burocrática no seio do movimento operário brasileiro. Brandão denunciou a falta de alternativa que estava colocada nas últimas eleições, que tanto Dilma quanto Aécio iriam atacar os trabalhadores para manter os lucros dos patrões. Tanto é que os primeiros passos do governo reeleito de Dilma, já anuncia ajustes, tarifaços, se preparando junto aos patrões contra os trabalhadores para enfrentar a crise que se avizinha. Foi levantada a necessidade de dar uma resposta aos anseios populares levantados em junho e que se seguiram nas fortes greves deste ano e dando eixo central para a crise patente da falta de água que assola São Paulo e deixa clara uma crise nacional de abastecimento.


Silvana, linha de frente da greve de terceirizados da Dima em 2005

Brandão, demitido político da USP e diretor do Sintusp

Discussões e resoluções
Em seguida, os mais de 200 trabalhadores presentes se reuniram em Grupos de Discussões para debaterem propostas de resoluções que nortearão a atuação e a construção do Movimento Nossa Classe nacionalmente.
Entre as mais importantes discussões e resoluções votamos que desde a posição classista que construímos no Movimento Nossa Classe, levaríamos afrente as demandas populares levantadas em junho em defesa dos serviços públicos, colocando a única possibilidade de garanti-los à população por meio da estatização e controle operário dos serviços como transporte, saúde e educação e também das companhias de tratamento e distribuição da água. Os trabalhadores é quem podem estabelecer um plano dos serviços públicos e pela resolução do problema da água para atender realmente às necessidades do povo contra a sede de lucro dos patrões de todos esses serviços.
Uma das mais importantes discussões que fizemos no Encontro foi a necessidade de a partir das lições das mais importantes greves da última década e frente aos desafios que temos de enfrentar contra os ajustes, aumento de tarifas, demissões, terceirização que se aprofundarão no próximo período, da necessidade de que as centrais sindicais da esquerda, CSP-Conlutas, e as duas Intersindicais, bem como oposições e os setores que protagonizaram as mais importantes greves neste país, convoquem um Encontro Nacional de milhares de trabalhadores. A finalidade é que se discuta e vote um plano de lutas para resistir a estes ataques, para conquistar nossas demandas e para retomar os sindicatos das mãos das burocracias. Essa é uma tarefa unitária e imperiosa para o momento que vivemos hoje no Brasil. Desde o Movimento Nossa Classe colocaremos todas nossas humilde forças neste sentido e achamos que não há tempo para esperar para a classe trabalhadora estar melhor preparada para enfrentar a crise que se avizinha.
Votamos ainda uma campanha contra a casta política parasitária que governa o país a serviço dos patrões. São empresários e pessoas de confiança das empresas que dirigem o país com privilégios garantidos e que desviam as verbas dos nossos impostos para interesses contrários às nossas reais necessidades. Resolvemos impulsionar uma grande campanha para que todos os políticos, juízes e funcionários de alto escalão sejam revogáveis e ganhem o mesmo salário que um professor da rede pública, e que o salário docente e de todos os trabalhadores seja igual ao salário mínimo do DIEESE (hoje, R$ 3079,00), como primeira medida para começar a golpear os privilégios da casta política, combinando com a luta pelo confisco de todos os bens e apuração independente dos casos de corrupção.
Resolvemos ainda levantar grandes campanhas pelas questões democráticas, contra o machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, a xenofobia, o preconceito aos nordestinos e as redes de tráfico de mulheres e crianças, o genocídio ao povo negro. Neste momento, o Movimento Nossa Classe resolve colocar eixo em organizar atividades nas estruturas sobre o 20 de novembro (dia da consciência negra) e 25 de novembro (dia de luta contra a violência às mulheres). De imediato devemos dar seguimento à campanha contra os casos de estupros, machismo e racismo na Faculdade de Medicina da USP e o caso de agressão que aconteceu no metrô de São Paulo.
Por fim, levantar de imediato uma campanha de solidariedade à greve em curso nos correios de São Paulo, organizando medidas ativas em cada local de trabalho para que dê força aos carteiros para vencer.
Como resolução ainda reiteramos as campanhas que já viemos construindo anteriormente, como a luta pela readmissão de todos os metroviários demitidos por fazerem greve e também a luta em defesa do HU da USP.



Votamos a formação de uma coordenação nacional do Movimento Nossa Classe, que de imediato dê encaminhamento às resoluções, que feche um Manifesto do Movimento a ser trabalhado massivamente e que coloque de pé essa corrente nacional pautada na luta de classes, combatendo o corporativismo arraigado no sindicalismo brasileiro, construindo uma nova tradição classista, com independência de classe, que lute pela retomada dos sindicatos para as mãos dos trabalhadores e coloque em xeque essa sociedade de exploração e opressão. Venha construir conosco essa grandiosa, apaixonante e mais que necessária tarefa.

Na mesa de encerramento o companheiro Pablito, dirigente da Liga Estratégia Revolucionária fez uma fala pela organização colocando a necessidade de recolocar no centro a luta pela revolução, pela retomada do poder pela classe operária. Enquanto a burguesia faz uma campanha contra o comunismo com o aniversário da derrubada do Muro de Berlim tentando igualar o stalinismo ao comunismo, nós queremos reacender na classe operária não só a possibilidade, mas a necessidade cada vez maior da superação da sociedade burguesa. Assim, Pablito fez um chamado a todos os presentes a discutirem a construção de um novo partido da classe operária no país.


Ao final, dedicamos o Encontro aos 43 estudantes desaparecidos nas mãos do Estado no México e aos assassinados pela chacina em Belém do Pará.

Seguem abaixo todas as resoluções do Encontro na íntegra
1.       As manifestações de junho colocaram nas ruas demandas como a melhoria dos serviços públicos essenciais, que seguem precários devido à sede de lucro dos capitalistas. Nas eleições, vimos muita demagogia dos candidatos falando de mudança, mas o que estamos vendo são os anúncios de ajuste fiscal que vão debilitar ainda mais os recursos para transporte, saúde, educação, crise hídrica, etc. Por isso, nossa luta como Movimento Nossa Classe (MNC) é para que os serviços essenciais sejam estatizados e colocados sob controle dos trabalhadores. A crise hídrica é no momento a maior expressão dessa necessidade, que se relaciona com o problema da saúde, dos mananciais e do desmatamento. Por isso, resolvemos lançar uma grande campanha pela estatização da Sabesp e empresas de água de todo o país sob controle dos trabalhadores, e por medidas emergências para que nenhuma família fique sem água, com o lema “A sede de lucro dos capitalistas está acabando com a água. Só os trabalhadores podem resolver esta crise”. Buscaremos impulsionar a maior unidade que seja possível de todas as categorias, movimentos, sindicatos e partidos nessa luta, participando de todas as ações que houver contra mais essa barbárie que querem impor à sociedade;

2.       O último ciclo de greves deixa como lições fundamentais que, para vencer é fundamental: a) organização dos trabalhadores pela base, como fizeram os garis e os trabalhadores da USP, Unesp e Unicamp; b) confiar somente na força dos trabalhadores (e não na justiça burguesa ou na benevolência dos governos e patronais) buscando responder os problemas de toda a população oprimida; c) de unir os trabalhadores de várias categorias numa perspectiva classista, bem como a importância de sindicatos combativos com o Sintusp. Se no último período em que o país não estava vivendo uma crise econômica, o que dava à patronal mais margens para concessões, foi fundamental esses elementos de organização do movimento operário para vencer, mais ainda o será no próximo período, em que os trabalhadores vão sofrer com a crise econômica, tarifaços (que já começaram a ocorrer), ajustes, demissões e terceirização, lutando pela efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público. Nesse sentido, resolvemos seguir aprofundando nossa atuação em base a essas lições propondo à CSP-Conlutas e as Intersindicais (entidades sindicais ligadas ao PSTU e PSOL respectivamente) bem como as oposições sindicais, aos garis, rodoviários e todos os trabalhadores que protagonizaram lutas anti-burocráticas, a realização de um Encontro de milhares de trabalhadores de todo o país que vote um plano de ação para resistir aos ataques e lutar por nossas demandas e a luta para arrancar os sindicatos das mãos da burocracia para transformá-los em ferramenta de luta;

3.       Basta dessa casta de políticos parasitas que governam a serviço dos patrões. Basta de privilégios. Resolvemos impulsionar uma grande campanha para que todos os políticos, juízes e funcionários de alto escalão sejam revogáveis e ganhem o mesmo salário que um professor da rede pública, e que o salário docente e de todos os trabalhadores seja igual ao salário mínimo do DIEESE (hoje, R$ 3079,00), como primeira medida para começar a golpear os privilégios da casta política, combinando com a luta pelo confisco de todos os bens e apuração independente dos casos de corrupção.

4.       Nosso movimento se propõe a impulsionar campanhas de combater ao machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, a xenofobia, o preconceito aos nordestinos e as redes de tráfico de mulheres e crianças, o genocídio ao povo negro, a homofobia nas escolas, etc. Neste momento, o Movimento Nossa Classe resolve colocar eixo em organizar atividades nas estruturas sobre o 20 de novembro (dia da consciência negra) e 25 de novembro (dia de luta contra a violência às mulheres). O Movimento deve sempre organizar campanhas frente aos casos de preconceito que ocorrerem – como na última semana com os casos de estupro e racismo nas Faculdades de Medicina da USP ou a agressão homofóbica no Metrô de São Paulo. Frente aos 10 anos da ocupação militar no Haiti pelas tropas brasileiras, nos somamos a campanha pela retirada das tropas militares que oprimem e violentam o povo haitiano.

5.       Solidariedade ativa às lutas e greves, sendo agora a mais importante a greve dos Correios de São Paulo, para o qual devemos organizar campanhas de foto em solidariedade, cartazes e apoio ativo.

Além dessas resoluções, também propomos votar as seguintes, que dizem respeito a organização do Nossa Classe:

6.       Cada uma das categorias presentes deve eleger representantes para fazer parte de uma coordenação nacional do Movimento Nossa Classe. O objetivo desse organismo é garantir que as resoluções sejam levadas à prática, bem como propor ajustes na orientação do MNC, promovendo um amplo debate democrático sobre isso e preocupando-se em envolver ao máximo os trabalhadores que não fazem parte da coordenação. A coordenação nacional também assume o Jornal Nacional do MNC e o blog. Essa coordenação nacional não substitui as articulações que já existem do MNC em cada categoria (que em metroviários se liga ao Metroviários pela Base e em professores ao Professores pela Base);

7.       A primeira tarefa da Coordenação Nacional pós encontro será fechar o Manifesto do MNC, em base aos aportes que surgiram no pré Encontro e nos GD´s, organizando também um material com as resoluções do Encontro e para as próximas atividades;

8.       Para garantir a articulação das frentes do MNC, propomos que a coordenação organize uma lista de e-mails, de whatsapp e um grupo no Facebook, onde todos que não fazem parte da coordenação também possam participar e opinar sobre tudo. O Blog deve ser utilizado como ferramenta de construção e divulgação do movimento por todos os militantes;

Por fim, há uma série de campanhas que o MNC já vem impulsionando em distintas categorias, que consideramos que já partimos do acordo entre todos que estão corretas, e que nesse Encontro Nacional queremos referendar como campanhas que o MNC de conjunto apoia:

9.       Como parte da luta em defesa da saúde pública, contra as privatizações, fundações, Organizações Sociais e Ebserh (empresa brasileira de serviços e recursos hospitalares)., seguimos a luta em defesa do Hospital Universitário da USP (HU), mantendo a batalha para que o HU e HRAC se mantenham vinculados à universidade, com melhor infraestrutura e mais contratações não privadas para que melhorem cada vez mais o atendimento à população, abrindo um diálogo com a luta contra a desvinculação dos Hospitais Universitários a nível federal;

10.   Como parte da luta em defesa do direito de lutar e do direito de greve, seguimos a luta pela readmissão dos metroviários, bem como a luta pela readmissão do Brandão do Sintusp, pela readmissão dos mais de 180 trabalhadores precários demitidos do IBGE, pela revogação dos processos contra trabalhadores da Unicamp em 2010  e pela revogação da punição aos estudantes da Unesp;

11.   Lutamos contra a precarização da educação: por uma grande campanha para barrar a demissão dos mais de 30 mil professores categoria O e por sua efetivação exigindo a contratação imediata de todos os aprovados no concurso, além de redução da jornada sem redução dos salários. Organizar atos regionais, campanhas de cartazes e fotos e atos nas atribuições de aula, incorporação ao ato do dia 05/12 em São Paulo;

12.   Seguimos na luta contra as demissões e os ataques patronais na indústria, contra os fechamentos de fábricas, bem como contra os acidentes e doenças de trabalho que constantemente tiram a vida dos operários, lutando por melhores condições de trabalho e contra o assédio moral;

13.   Apoio à paralisação dos trabalhadores da Unicamp em 25/11 e à paralisação dos trabalhadores da USP em 26/11;
Seguiremos nossa luta por justiça e pela aparição com vida dos 43 estudantes mexicanos de Ayotzinapa. Vivos os levaram, vivos os queremos; Justiça para as vítimas da chacina no Pará.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Correios: privatização disfarçada, corrupção e ataques aos trabalhadores


Por N. atendente dos Correios.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é uma das maiores empresas estatais do país, e a maior empregadora pelo regime CLT, com 125.420 empregados. Está presente em todo o território nacional e faz parte do cotidiano das pessoas, seja através do envio de correspondências e transporte de mercadorias, ou pelos diversos outros serviços prestados, que atualmente incluem serviços bancários, emissão de CPF, etc.
Uma busca rápida na internet, porém, mostra que a maior parte das vezes que o nome da empresa aparece na mídia, trata-se de notícias sobre as frequentes greves, os escândalos políticos (como em 2005, no esquema que acabou revelando o chamado “Mensalão” ou agora, nesta lamacenta disputa presidencial entre PSDB e PT) ou reclamações por parte da população devido à precariedade dos serviços prestados.
As matérias e relatórios econômicos mostram uma empresa com queda de lucro constante, e esse é o discurso da chefia em todas as últimas campanhas salariais. Isto supostamente justificaria a precarização cada vez maior das condições de trabalho e de salário, e o aumento excessivo de cobranças e metas na área comercial, que frequentemente chegam ao assédio moral para tentar extrair o máximo de lucro em cada atendimento.
De fato, internacionalmente, a internet e o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tornou obsoleto o objetivo inicial dos Correios, que era garantir o direito a comunicação através das correspondências. Atualmente, o envio de cartas se resume ao envio de faturas e cobranças comerciais e marketing. O fluxo de cartas pessoais para comunicação ficou praticamente restrito aos presidiários e seus familiares, as demais pessoas que se utilizam desse meio, em geral respondem a multas de trânsito, ou formalizam convites de casamento.
Por outro lado, o envio de encomendas expressas, e principalmente o transporte de mercadorias por meio do e-commerce (compras pela internet) só tem aumentado, mas para estas modalidades os Correios não detém monopólio, e disputam com diversas transportadoras, se diferenciando apenas pela alta capilaridade – ou seja, atingem mais regiões pelo país –, mas ainda assim perdendo mercado cada vez mais.
“Marketing social” dos Correios a serviço dos ricos
Apesar disso, os Correios gastaram cerca de R$42 milhões para trocar sua logomarca. Investem anualmente cerca de R$36 milhões em eventos esportivos, e cerca de R$10 milhões em patrocínios culturais. No caso dos esportes e shows, o patrocínio também tem um caráter de “marketing social”, porém basta observar um pouco e ver que tais investimentos não são direcionados ao acesso popular aos esportes e a cultura por exemplo, mas sim em mega eventos elitizados como será nas Olimpíadas de 2016, na qual os Correios serão o operador de logística oficial.
Os Correios a serviço da corrupção dos políticos
O fisiologismo típico do regime político brasileiro também se expressa no uso político dos cargos, como nas demais estatais, servindo de troca de favores nas alianças políticas entre as frações burguesas. Nos últimos anos, cresce nos trabalhadores dos Correios um forte repúdio ao PT, não só pelas posturas anti-operárias e anti-sindicais frente as lutas dos trabalhadores, mas também, porque as relações deste partido com o alto-escalão da empresa e mesmo nas nomeações de cargos mais baixos é tão visível que causa nojo, sem contar as campanhas políticas explícitas para figuras petistas internamente, etc.
Para se ter uma ideia do tamanho da casta de burocratas que administram a estatal, o salário do Presidente dos Correios é de R$44 mil reais, e os demais cargos do alto escalão apresentam cifras parecidas. E não se pode esquecer o controle absurdo que a empresa tem dos principais sindicatos ecetistas, dirigidos a força e com base em fraudes e traições explícitas pelos sindicalistas do PT e do PCdoB principalmente, que freiam qualquer tentativa de resposta por parte dos trabalhadores dos correios.
A privatização “disfarçada” dos Correios pelo PT:  a serviço do lucro e contra os trabalhadores [parte 2]
Tudo isso é frequentemente canalizado pelo discurso neoliberal, que defende a completa privatização dos Correios, a exemplo do que tem acontecido com diversos Correios no mundo. Como se a privatização fosse tornar a empresa eficiente, eliminar os gastos inúteis e acabar com a troca de favores políticos e a corrupção. Basta olhar outros casos de privatização de estatais para ver que a única mudança é esmagar de vez o que ainda resta de condições de trabalho e estabilidade aos trabalhadores, acabar com o direito de organização e greve, e do pouco conteúdo “social” do serviço prestado.
A verdade é que muitas vezes o trabalhador dos correios, e mesmo a população que utiliza os serviços, nem percebe o que mudaria com uma completa privatização e até se inclina a concordar com essa visão. Isso porque nenhuma privatização foi anunciada, aos moldes dos governos do PSDB nos anos 90, com a venda da Vale do Rio Doce ou dos serviços de telefonia, por exemplo. Mas na prática foram aprovadas diversas medidas privatizantes de forma “discreta” e com pouco estardalhaço, portanto, grande parte desses ataques já foi implementado aos poucos, e naturalizados pela empresa, pelos sindicatos (da FENTECT e FINDECT), e finalmente pelos trabalhadores e pela população.
Os setores de limpeza e manutenção já foram terceirizados na década de 90, como na maioria das empresas, estatais e privadas, e mesmo em quase todos os órgãos públicos e autarquias. Porém, existia ainda algum “pudor” com relação a terceirização de atividades consideradas “atividades-fim” de uma empresa. Mesmo isso já tem sido superado nos Correios, devagar e sempre.
Por exemplo, desde 1989, os Correios utilizam as agências de Correios terceirizadas, um meio de criar agências privadas, sem privatizar a empresa. Essas agências são responsáveis por grande parte do lucro e muitos contratos comerciais são feitos diretamente com elas. Desde sua criação até hoje, esse processo só aumentou. Os funcionários das agências terceirizadas não recebem o mesmo salário e benefícios que os empregados dos Correios, não são representados pelos mesmos sindicatos, são empregos em geral temporários e muito rotativos.
Além disso, vemos o uso cada vez mais frequente dos chamados “MOTs” (Mão de Obra Terceirizada) que são contratos temporários, desprovidos dos poucos direitos que ainda restam aos demais ecetistas e que realizam a mesma função operacional dos carteiros e operadores de triagem.Inclusive pode-se dizer que são mais explorados, pois são designados justamente para áreas sobrecarregadas, e não são sequer treinados da mesma forma. Ou seja, além de tudo, é uma forma clara de dividir a categoria, e atacar direitos elementares.
Correios virando Banco e operadora de celular? O que os trabalhadores ganharão com isso?
Por outra via, desde 2002, os Correios atuam com o Banco Postal, uma forma de os bancos terceirizarem e privatizarem seus serviços (ao invés de contratar mais bancários) jogando-os nas costas dos atendentes da ECT, que acumulam serviços, metas, e sem ganhar o mesmo que um bancário, ou sequer trabalhar a mesma quantidade de horas.
A jornada na ECT varia de 40 a 44h semanais, sem contar horas extras, enquanto que nos bancos a jornada oficial é de 30h. Nada disso impede que sejam impostas metas de abertura de conta, empréstimos, e pedido de cartão de crédito, etc. O primeiro parceiro da ECT nesse processo foi o Bradesco, mas desde 2012 a parceria bancária é com o Banco do Brasil que por sinal tem apresentado lucros recordes ano após ano com os governos do PT.
Através de Medida Provisória de 2011, em pleno governo petista, os Correios foram autorizados a adquirir participação societária em empresas, constituir subsidiárias e atuar no exterior, ou seja, a estatal passa a funcionar sob a lógica dos ganhos privados. Isso permitiu, por exemplo, que a ECT concorresse na compra dos Correios portugueses quando o país europeu decidiu privatizar seus serviços como forma de ajuste perante a crise econômica. E permitiu que, agora, a ECT anuncie a ampliação do Banco Postal, não mais como mero correspondente bancário, mas sim, como instituição financeira, podendo criar linhas próprias de cartões, crédito, empréstimos, aplicações e seguros, sem deixar de lado a parceria com o Banco do Brasil, mas com a gestão compartilhada das empresas através de holding.
Ou seja, Os Correios viram um banco sem que sejam contratos mais trabalhadores, gerando mais acúmulo de função e precarização dos serviços, tudo isto para ampliar seus lucros sem qualquer preocupação em atender as necessidades da população.
A previsão é entrar ainda com subsidiárias em outros ramos de comunicação, como telefonia móvel. A ECT passaria a operar redes ociosas de outras operadoras, vendendo ao público linhas e créditos de uma operadora virtual própria, a preços mais baixos.
Para controlar estes e outros negócios, já foi criada uma nova empresa, a CorreiosPar, com capital da ECT. Medidas parecidas já foram tomadas também em relação aos próprios benefícios dos trabalhadores, como o fundo de previdência complementar (Postalis e PostalPrev, ambos também envolvidos em operações econômicas duvidosas e cobrando o custo do mal uso do dinheiro descontado dos trabalhadores... dos próprios trabalhadores) e recentemente com o plano de saúde (antes Correios Saúde, e agora Postal saúde, uma empresa privada pra “operar” os convênios com médicos e hospitais).
Qual política é necessária diante de tantos ataques?
O PCO – Partido da Causa Operária (que dirige um dos principais sindicatos de ecetistas, o de Minas Gerais e está junto com outros grupos na direção da maior Federação, a Fentect)  chega a soltar notas críticas a terceirização (que é um dos braços principais da privatização dos Correios), e mesmo defendendo a incorporação dos terceirizados, mas o movimento sindical dos Correios, mesmo os sindicatos ditos de “esquerda”, até hoje nunca travaram uma luta séria contra esse enorme ataque que naturaliza a terceirização e anuncia o nível de precariedade que a empresa pretende claramente impor a todos os próximos contratados.
O máximo que a Fentect tem feito contra isso tem sido uma enorme luta judicial que, quando é “vitoriosa” consegue o mérito de demitir os trabalhadores temporários! Isso tudo apenas para que a empresa consiga contratar novos trabalhadores cada vez que recorre na justiça e por sua vez vence pelo direito de contratar, alegando ser um trabalho “emergencial” e necessário para cumprir seu “papel social” de empresa pública detentora do monopólio.
Para impedir a completa privatização desta importante empresa, e garantir que sua função seja realizada de forma eficiente para toda a população, e ao mesmo tempo, garantir condições de trabalho e de salário justos para seus empregados, é necessário rever todas essas medidas privatistas e ataques implementados, e isso só pode ser feito pelos trabalhadores.
A ECT tem que ser controlada pelos seus trabalhadores, junto com a população. Os cargos administrativos tem que ser eleitos e revogáveis, e os salários não podem ser superiores aos dos demais trabalhadores, que devem receber no mínimo o salário estipulado pelo DIEESE. As agências franqueadas, e também as lotéricas e demais correspondentes bancários, devem ser estatizadas, e os trabalhadores terceirizados devem ser imediatamente efetivados com todos os direitos garantidos!
Os ecetistas protagonizaram diversas greves importantes nos últimos anos, o que mostra a força e determinação da vanguarda da categoria, mas o desgaste e divisão dos próprios sindicatos, que quando não são dirigidos por burocratas traidores, são dirigidos por uma esquerda impotente que não apresenta um programa e uma política na base que responda a altura dos ataques do governo, o que tem levado a derrotas e à desmoralização dos trabalhadores.

Está na hora dos ecetistas se organizarem de forma independente pela base, com reuniões em cada unidade, e unificando efetivos e temporários, pra preparar uma grande luta por nossas demandas, contra a privatização e pela retomada dos nossos sindicatos e da unidade da categoria!
 
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