terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Muito além de uma minhoca na alface do almoço petroleiro



Isabelle Gomes de Moraes, petroleira no Rio de Janeiro

Depois de tantos escândalos envolvendo a Petrobras, de ver que milhões e milhões foram desviados, a pergunta que não quer calar na cabeça de muitos petroleiros é: “Porque a empresa insiste em cortar custos operacionais, manutenção e serviços?”. A operação Lava-Jato revela que o rombo financeiro da empresa está longe de ser o desperdício operacional ou a ineficiência dos funcionários, mas está intimamente ligado com políticos e funcionário de alto escalão corruptos.

Enquanto a Petrobras financia a “governabilidade” petista, nós, petroleiros pagamos com as nossas vidas. Não é de hoje que vemos os danos da terceirização e da precarização do trabalho. Com funcionários terceirizados ganhando salário inferior, péssimos planos de saúde, jornadas de trabalho exaustivas, instabilidade e maiores vítimas dos acidentes. Essa crescente flexibilização das contratações enfraquece cada vez mais os trabalhadores, que se veem filiados a sindicatos fantasmas, pulverizados em diversas categorias e dificultando cada vez mais sua organização. A empresa se aproveita triplamente, seja lucrando com a mão de obra barata, repassando o lucro para o dono das empresas contratadas ou dividindo entre crachás verdes e marrons.

O que salta aos olhos é que nos últimos tempos, os serviços nunca estiveram tão ruins. São constantes as denúncias de problemas na alimentação, no transporte (seja marítimo ou terrestre), assim como as precárias condições de trabalho de marítimos, motoristas, funcionários da cozinha e serviços em geral. O ataque é claro e sob a pele de corte de custos (PROCOP), vemos nossas condições de trabalho e infraestrutura irem piorando dia-a-dia, deixando claro que ocorre uma privatização em forma de terceirização. Enquanto isso os contratos milionários continuam trancados a sete chaves impedindo que todos nós sejamos fiscais.

Não podemos cruzar os braços diante disso. Temos que nos organizar lado a lado com os terceirizados e superar a divisão imposta pela empresa. Em cada local de trabalho, pressionar os sindicatos e as CIPAs para que sejam verdadeiros instrumentos de denúncia e luta dos trabalhadores. Hoje, pode ser apenas uma minhoca na alface, amanhã pode ser a vida de um colega de trabalho.

Que todos os contratos sejam públicos!
Que funcionários próprios e terceirizados tenham os mesmos direitos e o mesmo sindicato!
Que todos funcionários hierárquicos sejam eleitos e revogáveis!

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