quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Saúde dos trabalhadores na indústria metalúrgica, têxtil e lavanderias e o uso do Percloroetileno (o percloro)

Por Milena Bagetti – professora de química de Campinas



A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o Percloro (também chamado de tetracloroetileno (C2Cl4 / Cl2C=CCl2) como potencial cancerígeno humano (Grupo 2A), com base em estudos epidemiológicos (estudos cuja finalidade é caracterizar o processo saúde-doença dos indivíduos) que evidenciaram aumento do risco de câncer de esôfago e cervical. O percloro é utilizado em larga escala como solvente desengraxante de metais na indústria, principalmente automobilística e autopeças. Também utilizado na lavagem de roupa a seco onde há uma certa tendência de crescimento de consumo no país e na indústria têxtil.

Muitos trabalhadores se expõem ao composto por um período considerável (cerca de 10 anos). Sendo que o contato com o percloro  já por pouco tempo (algumas horas) pode causar tonturas, náuseas, vômitos (intoxicação aguda), demonstrando escandalosamente do que os patrões estão dispostos para não rebaixarem seus lucros. Esta situação ocorre com mais intensidade às pequenas fábricas, por sua menor margem de manobra frente os ajustes, ignorando completamente a saúde dos trabalhadores.

Os trabalhadores que tiveram menor ou maior contato com o percloro  precisam ser estimulados a fazer exames de resíduos no organismo  e orientados a trabalhar com todos os equipamentos de proteção como as máscaras adequadas com filtro para vapores orgânicos (VO),  pois algumas de tecido comum concentram os vapores tóxicos dentro dela própria, roupas impermeáveis, luvas nitrílicas ou de PVA, creme de proteção para a pele grupo 2 (resistente contra óleos e solventes químicos).

É fundamental que se repense a utilização do Percloro em qualquer ambiente de trabalho no Brasil, seja nas fábricas ou lavanderias, que faz com que os trabalhadores, muitos deles, negros se exponham ao risco potencial de câncer, para além de toda precariedade normalmente instaurada. Que sejam realizadas análises do ar dos locais de trabalho para verificar o nível de percloro (a concentração de gases e vapores no ar  pode ser rapidamente determinada pela leitura direta de instrumentos e a determinação de Hidrocarbonetos Halogenados pode ser realizada por Cromatografia Gasosa Detector FID).

Estamos acompanhando nos EUA muitas manifestações de rua contra a violência policial racista, tendo como exemplo Eric Gardner, que gritava: “eu não consigo respirar”. É necessário lutarmos  contra a violência patronal que expõe os trabalhadores  no dia a dia da fábrica, fazendo com que respirem potenciais cancerígenos.

Que sejam garantidos todos os exames e acompanhamentos necessários aos trabalhadores. Se o patrão demitir quem lutar, lutamos contra as demissões!


Reitor da UERJ mente sobre a falta de verbas e comete outros crimes contra os trabalhadores



Por Leandro Lanfredi, do Movimento Nossa Classe Rio de Janeiro

O reitor Vieiralvez de Castro demonstrou ontem o nível de ilegalidades que está disposto a cometer para continuar seu descarado ataque aos trabalhadores terceirizados que estão há quase dois meses sem salários e há alguns dias em greve.

Ontem este autoritário reitor decretou o fechamento da universidade e se isto ainda fosse pouco ordenou o corte de fornecimento de energia à universidade. Um blecaute para inviabilizar a continuidade da universidade, da greve e do crescente movimento dos estudantes em apoio aos terceirizados, que ontem em mais de duzentos manifestantes fecharam a importante rua São Francisco Xavier em frente a universidade em apoio aos terceirizados. Com o ridículo do blecaute da reitoria, fica patente seu descaso não só com as condições destes trabalhadores que estão trabalhando de graça mas até mesmo com o rigor acadêmico pelo qual, supostamente, deveria zelar, inviabilizando muitas provas e aulas que estavam sendo realizadas em diversas salas da universidade.

Suas medidas são ilegais e mentirosas. Trata-se de um flagrante caso de desrespeito ao direito de greve, fazendo um locaute. Crime na legislação brasileira. Locaute é um fechamento de uma empresa, fábrica para impedir o exercício de trabalho ou greve, ou forçar uma aceitação de condições através de medida de força patronal. Este crime está sendo realizado via blecaute e via antecipação do recesso universitário, dispensando estes terceirizados em greve de seus serviços.

A justificativa para esta ilegalidade seria uma suposta queda no orçamento da UERJ. Segundo decreto publicado ontem onde decretou este locaute a universidade não honrou seus compromissos com as contratadas pois teria um déficit de 23 milhões de reais. O motivo deste déficit seria uma redução no orçamento do Rio devido a queda na arrecadação oriunda dos royalties e participações especiais no petróleo.

Este argumento é triplamente mentiroso. Uma rápida pesquisa na Internet mostra isto.

1 - O orçamento de 2014 da UERJ é só aparentemente menor que o de 2013.No orçamento de 2013 foram atribuídos 166 milhões de reais à universidade estadual e outros 24 milhões de reais em incentivo à pesquisa. No orçamento de 2014 foram atribuídos os mesmos R$ 24 milhões para incentivo à pesquisa, 156 milhões de orçamento ordinário, porém em outras páginas do mesmo orçamento constam outros R$ 54 milhões de “outras despesas correntes na UERJ”. Ou seja em 2013 havia um gasto total de R$ 190 milhões e em 2014 um gasto de R$ 234 milhões, onde está a redução senhor reitor?

2 - A justificativa falaciosa de fundo seria uma queda da arrecadação pela redução das receitas oriundas do petróleo. No entanto a receita da UERJ não está vinculada a royalties ou participações especiais. Ela é oriunda das receitas ordinárias do Estado do Rio de Janeiro! A reitoria nunca mexeu um dedo em apoio ao movimento para vincular 6% das receitas do ICMS à UERJ, reivindicação de diversos movimentos na universidade, e agora com a cara de pau usa o orçamento estadual para justificar seu ataque aos trabalhadores e a toda comunidade acadêmica (atrasando semestre, pesquisas, extensão, etc.).

3 - A queda na arrecadação do Estado do Rio de Janeiro devido a diminuição do preço internacional do petróleo ainda não aconteceu. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) calcula o preço do petróleo levando em consideração o preço praticado três meses antes da produção. Foi somente em agosto de 2014 que o preço internacional do petróleo caiu a níveis inferiores aos de janeiro de 2014, e só agora em dezembro que registra recordes de baixa. Ou seja, será somente a partir de novembro, e mais acentuadamente a partir de março de 2015 que haverá esta queda da arrecadação de uma receita que não está vinculada as despesas da UERJ.

Se antes mesmo desta queda de arrecadação órgãos do governo do Estado já usam este argumento mostra-se, como argumentamos em outro artigo que é preciso organizar os trabalhadores e a juventude contra estes cortes que afetarão não as obras faraônicas na Barra para as Olímpiadas, mas os salários dos trabalhadores e os direitos da população, como saúde, educação, etc.

Para piorar estas mentiras do reitor sobre o orçamento da universidade, não faltaram denúncias este ano que a UERJ empregaria diversos funcionários fantasmas, não com o salário de fome dos terceirizados, mas recebendo mais de 13mil reais. Esses funcionários fantasmas seriam alguns deles ligados (e familiares) da influente ex-governadora do Rio, Benedita da Silva (PT). Além deste desperdício corrupto de verbas públicas esta universidade firmou acordos, secretos, com a FIFA, Rede Globo, entre outras empresas, para utilização do espaço da UERJ durante a Copa do Mundo e Copa das Confederações. Para isto fecharam a universidade e atrasaram o semestre, comprometeram pesquisas. Qual foi o valor do aluguel da UERJ, para onde foi este dinheiro?


As ilegalidades cometidas, as desculpas mentirosas, mostram como a reitoria não tem o menor compromisso primeiro em garantir os salários dos trabalhadores terceirizados, que são o setor mais explorado, pobre, negro e em sua maioria mulheres da universidade, ataca seu direito de greve, e nem mesmo tem algum compromisso com a parte “nobre” da universidade como o ensino e a pesquisa que foram afetados para melhor garantir seu ataque aos terceirizados. A reitoria e o governo do Estado do Rio (que é quem indica o reitor e repassa as verbas) são responsáveis! Paguem já o salário! Todo apoio a greve dos terceirizados!

PARA AJUDAR OS E AS TERCEIRIZADAS DA UERJ NA LUTA PARA RECEBER OS SALÁRIOS ATRASADOS



A JUVENTUDE ÀS RUAS e o MOVIMENTO NOSSA CLASSE apresentam propostas básicas, simples e imediatas (medidas cautelares ou liminares que o juiz julga de urgência) que o Sindicato do Asseio deveria impetrar para obrigar a reitoria da UERJ e as empresas Construir e Dinâmica a pagar os salários e benefícios atrasados. NENHUM TRABALHADOR SEM SALÁRIO E SEM NATAL! NÃO TEM CAÔ, TERCEIRIZADO NÃO TRABALHA DE FAVOR!

O reitor Vieiralvez arbitrariamente encerrou as atividades da universidade decretando o recesso para prejudicar os e as terceirizadas, deixando-os sem alternativas, sem ter com quem negociar o pagamento dos salários atrasados. UMA COVARDIA!

Além disso, prejudica os estudantes e professores que de uma hora para outra, sem comunicação, estão proibidos de frequentar a universidade como estava previsto no calendário letivo. O REITOR VIEIRALVEZ PENSA QUE A UERJ É A CASA DELE, QUE PODE FECHAR QUANDO BEM QUISER! AUTORITÁRIO E IRRESPONSÁVEL!

Os salários dos e das terceirizadas devem ser pagos pela reitoria, imediatamente. A Constituição Federal de 1988 em eu artigo 7º, inciso X, considera crime não pagar salários devidos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
[...]

Exemplos de Medidas Cautelares (o juiz julga com urgência) para garantir pagamento de salários atrasados
Justiça determina que Petrobras faça depósito para garantir pagamento de funcionários de Suape

Publicado em 11/11/2014 às 15h04 em http://www.trt6.jus.br/portal/noticias/2014/11/11/justica-determina-que-petrobras-faca-deposito-para-garantir-pagamento-de
A juíza titular da 1ª Vara do Trabalho de Ipojuca, Josimar Mendes, deferiu pedido do Sintepav-PE determinando que a Petrobras deposite em juízo os créditos das empresas contratadas que prestam serviço em Suape. A decisão, proferida na segunda-feira (10), objetiva garantir o pagamento dos salários atrasados e de benefícios como o vale-alimentação, além das verbas rescisórias tanto dos empregados ativos quanto dos demitidos.

Na ação, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE) alegou que a empresa Alusa Engenharia, a Empresa Brasileira de Engenharia e a Construtora Barbosa Mello, assim como os consórcios formados entre a primeira e cada uma das demais – EBE-Alusa e Alusa-CBM – não pagaram o adiantamento e o salário do mês de outubro, nem depositaram o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) do respectivo mês. [...]

Invocando o poder geral de cautela do magistrado previsto nos artigos 798 e 799 do Código de Processo Civil (CPC), a fumaça do bom direito e o perigo da demora, requisitos estes necessários ao atendimento de medidas cautelares, a juíza deferiu a medida liminar ao Sintepav, determinando à Petrobras o depósito judicial do numerário referente aos créditos devidos às três empresas e dois consórcios, necessário à cobertura dos salários e tiquetes alimentação em atraso e demais direitos dos trabalhadores ativos, bem como das verbas rescisórias devidas, sob pena de multa diária de 100 mil reais em caso de descumprimento.
Veja decisão na íntegra em:

18-12-2014                                                                                                   www.facebook.com/movimentonossaclasse

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Crônica do combate cotidiano na indústria



Metalúrgico, Osasco.

Trabalho numa metalúrgica de Osasco (SP) lavando peças em óleos e solventes. Como a ganância do patrão não tem limites, executo esta função sem os EPIs necessários, ou seja, fico exposto diariamente a uma grande quantidade de produtos químicos, muito deles proibidos e cancerígenos, como o é o caso do percloroetileno, ou percloro, um solvente que quando utilizado sem proteção causa dor de cabeça, tontura, náusea, problemas respiratórios,desmaios, além de ser comprovadamente um produto cancerígino.

Mas hoje não trabalho mais com este produto, não porque "pedi as contas" ou fui demitido, mas porque decidi combater esta situação terrível junto ao Movimento Nossa Classe.
Primeiro nós organizamos uma campanha dentro da fábrica com panfletos e matérias da internet sobre os riscos do percloro, depois eu denunciei a empresa no Ministério Público do Trabalho e no mesmo dia me recusei a trabalhar com este produto. E o patrão tem "que engolir a seco" porque a peãozada não quer mais trabalhar com o percloro, mostrando que a organização e a luta dos trabalhadores pode combater este e outros ataques.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Muito além de uma minhoca na alface do almoço petroleiro



Isabelle Gomes de Moraes, petroleira no Rio de Janeiro

Depois de tantos escândalos envolvendo a Petrobras, de ver que milhões e milhões foram desviados, a pergunta que não quer calar na cabeça de muitos petroleiros é: “Porque a empresa insiste em cortar custos operacionais, manutenção e serviços?”. A operação Lava-Jato revela que o rombo financeiro da empresa está longe de ser o desperdício operacional ou a ineficiência dos funcionários, mas está intimamente ligado com políticos e funcionário de alto escalão corruptos.

Enquanto a Petrobras financia a “governabilidade” petista, nós, petroleiros pagamos com as nossas vidas. Não é de hoje que vemos os danos da terceirização e da precarização do trabalho. Com funcionários terceirizados ganhando salário inferior, péssimos planos de saúde, jornadas de trabalho exaustivas, instabilidade e maiores vítimas dos acidentes. Essa crescente flexibilização das contratações enfraquece cada vez mais os trabalhadores, que se veem filiados a sindicatos fantasmas, pulverizados em diversas categorias e dificultando cada vez mais sua organização. A empresa se aproveita triplamente, seja lucrando com a mão de obra barata, repassando o lucro para o dono das empresas contratadas ou dividindo entre crachás verdes e marrons.

O que salta aos olhos é que nos últimos tempos, os serviços nunca estiveram tão ruins. São constantes as denúncias de problemas na alimentação, no transporte (seja marítimo ou terrestre), assim como as precárias condições de trabalho de marítimos, motoristas, funcionários da cozinha e serviços em geral. O ataque é claro e sob a pele de corte de custos (PROCOP), vemos nossas condições de trabalho e infraestrutura irem piorando dia-a-dia, deixando claro que ocorre uma privatização em forma de terceirização. Enquanto isso os contratos milionários continuam trancados a sete chaves impedindo que todos nós sejamos fiscais.

Não podemos cruzar os braços diante disso. Temos que nos organizar lado a lado com os terceirizados e superar a divisão imposta pela empresa. Em cada local de trabalho, pressionar os sindicatos e as CIPAs para que sejam verdadeiros instrumentos de denúncia e luta dos trabalhadores. Hoje, pode ser apenas uma minhoca na alface, amanhã pode ser a vida de um colega de trabalho.

Que todos os contratos sejam públicos!
Que funcionários próprios e terceirizados tenham os mesmos direitos e o mesmo sindicato!
Que todos funcionários hierárquicos sejam eleitos e revogáveis!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Das demissões a falta de papel higiênico, os ajustes na educação pública do estado de São Paulo



O governo do estado de São Paulo cortou verbas escolares para compra de materiais de limpeza, escritório e pequenas reformas. Esse montante chega a quase 60 milhões reais. Ter condições básicas de higiene nas escolas deveria ser algo elementar, mas para o governador são apenas cifras que devem ser economizadas. Além disso, já podemos esperar que nem o mínimo da estrutura física das escolas será reformado para receber os alunos ano que vêm.

Essa medida de cortes não é isolada. Mais grave ainda é fato de que o governo pretende demitir mais de 20 mil professores temporários. Esse processo também tem como objetivo aliviar as contas públicas para que os encargos trabalhistas não sejam uma despesa de fim de ano. Na prática Alckmin já começa os ajustes e cortes na educação, já que a receita tributária do estado caiu 2,5% e a perspectiva para o ano que vêm é ainda mais grave.

É um escândalo que as escolas públicas sofram com tanta precarização. A situação já chegou a níveis calamitosos e a direção majoritária da APEOESP (PT/PCdoB) fecha os olhos para essa situação alarmante. Foram coniventes com sucessivos escândalos na categoria e mais uma vez se mantém calados frente a essas denúncias absurdas!

É necessário um basta! Basta dessa APEOESP burocrática que abandona a escola pública ao julgo de Alckmin, Hermann e cia. Os professores precisam se organizar de forma independente dos governos e da burocracia para lutar pelos seus direitos. Convidados todos a comporem o bloco do Movimento Nossa Classe e Professores Pela Base no ato contra a demissão dos professores temporários no dia 5, às 14 h na Praça da República em São Paulo. Vamos dar um grito de basta a toda forma de arbitrariedade desse governo inimigo dos trabalhadores e da educação pública.
 
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